Como já foi dito na minha última postagem para a Masyaf News, o Antigo Egito não apenas influenciou culturalmente as
civilizações pares, como Roma ou Grécia. O Egito é ainda uma fonte
imprescindível para a constituição de nossas culturas, tendo influenciado a
vivência de povos por milhares de anos.
Tendo em vista esta influência, não se pode deixar
de ignorar o arsenal de tal nação. O setor militar dos egípcios foi fundamental
para a constituição de futuros exércitos pelo mundo. O intuito desse post,
portanto, não é analisar os armamentos testemunhados em quaisquer vídeos ou
fontes de AC: Origins, mas apresentar
o arsenal mais utilizado pela nação egípcia.
O
KHOPESH
O khopesh era
uma ferramenta exclusiva do exército egípcio, sendo utilizada como arma
primária entre as unidades de infantaria entre 2500 e 1300 a.C.,
aproximadamente. Um híbrido de sabre e foice (ou até mesmo a evolução do
machado de guerra), tinha dupla utilidade: além de causar ferimentos terríveis,
podia ser presa ao escudo inimigo para puxá-lo e retirar a proteção de seu
portador, facilitando a chacina. O khopesh
era uma mestra das armas leves de infantaria e cavalaria: os faraós as
utilizavam para exaltar sua glória (como esta da imagem abaixo, pertencente a
Ramsés II) e até mesmo eram colocados com as mesmas em seus sarcófagos.
Khopesh utilizado por Ramsés II, exposta no Museu do Louvre (Paris). |
A BIGA
As bigas são erroneamente assimiladas ao arsenal
romano, devido à utilização de tais carros em jogos de arenas. Porém, é
igualmente errôneo afirmar que sua origem é egípcia: os egípcios, na verdade,
se basearam na tecnologia dos hicsos – que as utilizavam desde aproximadamente
2000 a.C. – para aperfeiçoar seus carros. As bigas egípcias eram mais
resistentes e eficientes, sendo utilizadas em batalhas importantes como a
travada contra os hititas em 1300 a.C., na chamada Batalha de Kadesh. Com a então
recente domesticação dos cavalos, a biga foi utilizada em larga escala como
carro militar, ao lado de cameleiros com khopeshes.
Ao contrário dos cameleiros, porém, os bigueiros utilizavam arco e flecha, e
mais tarde, os mortais arcos compostos.
Uma biga simples revestida em couro. Posteriormente, as bigas seriam revestidas de metal polido e com rodas curvas para aumentar a estabilidade. |
O ARCO COMPOSTO
Outra arma utilizada em grande escala pelos egípcios
foi o arco composto: dessa vez, a arma tinha influência dos hicsos, mas foi
difundida pelo poderio do Egito. Ao contrário dos arcos ordinários, o arco
composto era formado por diversas peças, dentre ossos de animais, tendões e
madeira. Combinada às bigas, eram armas mortais e permitiam uma quase
invulnerabilidade do exército egípcio. A arma foi também adotada pelos mongóis,
romanos e otomanos, tendo sido aposentada por estes mais ou menos em 1826 d.C. –
a última vez em que arcos foram utilizados no arsenal de um exército.
Arqueiro egípcio portando arco composto. |
O
TRIRREME
É claro que, com a predominância do Rio Nilo e
porção do Mar Mediterrâneo, os egípcios aprenderam a construir frotas
imponentes. Por sua vez, o principal tipo de embarcação egípcia foi utilizado
também por quase todas as civilizações da antiguidade, como os fenícios,
gregos, romanos, persas e cartagineses. Trata-se do trirreme, navio pesado que
possuía três colunas de remadores (um sobre o outro). A abordagem do trirreme
se baseva em duas: sua arma primária era o aríete, geralmente de bronze, que
era utilizada para partir navios inimigos em abalroamentos velozes. A segunda
abordagem constituía no ataque de soldados de infantaria do trirreme para o
navio inimigo (como foi bem representado no filme “300: Ascensão do Império”).
O aríete naval, como os jogadores de AC sabem, foi bem enfatizado em AC: IV e
AC: Rogue. Os trirremes atenienses causaram aproximadamente 600 mil naufrágios
apenas na Batalha de Salamina, contra os persas e fenícios. No Antigo Egito, os
trirremes chegavam a medir 128 metros de comprimento em 210 a.C.
Representação artística de um trirreme romano abalroando o inimigo. |
É claro que o arsenal dos egípcios foi tão amplo que
é impossível listar um rol preciso de suas centenas de tipos de espadas,
lanças, arcos e embarcações, sem contar ainda com a massiva hibridização de
armas estrangeiras. Mesmo assim, é quase certo que as armas citadas acima serão
bem exploradas em AC: Origins. Afinal, constituíram não apenas parte da nação
egípcia, como definiram o que foi, em todos os sentidos, esta civilização.
Cássio
Remus de Paula
Historiador
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