Um dos
resultados de uma franquia encantadora como Assassin’s
Creed é a sua verossimilhança, o que deixou muitos fãs com a seguinte
indagação: os Assassinos foram reais?
A primeira menção
sobre os Assassinos digna de observação pode ser encontrada na obra Saladin and the fall of the kingdom of
Jerusalem (sem tradução para o português), escrita pelo arqueólogo
britânico Stanley Lane-Poole. O livro biográfico sobre Saladino narra a origem dos Hashashins – que, nas línguas árabe e persa
significa “Assassinos” – uma Ordem originada na Síria em 1094 sob o comando do filósofo e missionário persa Hassan-i Sabbah que tinha
como objetivo sufocar as insurreições religiosas provocadas principalmente
pelos Templários em Jerusalém e suas cidades vizinhas. A sede dos Assassinos
seria o resistente forte de Alamut (existente
até os dias de hoje), semelhante ao apresentado em Masyaf pela franquia.
O que deveria
ser apenas um grupo de resistência contra a influência dos Guerreiros de Deus
se tornou uma organização séria e de padrões morais
únicos. Assassinatos de alvos-chave e missões de espionagem começaram a
fazer parte do cotidiano desses dissidentes, porquanto Hassan-i começava a obter
notoriedade política. Por sua vez, é um erro acreditar que todos na Ordem eram,
automaticamente, Assassinos – apenas a elite de
guerreiros da Ordem obtinha essa honra. Quem observou este fato foi o estudioso
medievalista Charles Nowell, em um artigo de jornal norte-americano de 1947.
O Forte de Alamut: inspiração para a sede dos Assassinos em Masyaf. |
Por sua vez, o
imaginário acerca dos Assassinos obteve melhor forma em 1938, quando o
austro-húngaro Vladimir Bartol lançou seu romance
histórico Alamut. Esta obra
provavelmente foi muito bem estudada pelos produtores, dado que detalha como
era a vida dos Assassinos dentro do forte de mesmo nome. O detalhe que
apresenta grande alusão à obra, porém, é a máxima dos
Assassinos citada por Bartol: “Nada é verdade, tudo é permitido”.
A saga de Assassin’s Creed pode ser vista como uma representação histórica bastante convincente,
embora, conforme a história nos mostra, os Templários tenham perdido força
durante os séculos XI e XII com a perseguição da Igreja Católica. Por sua vez,
o pretexto de uma Ordem oposta a dos Assassinos deu margem a uma infinidade de
opções para os criadores do jogo, que estenderam a trama para o passado da
Ordem (com Origins) e seu distante
futuro com as tramas em época atual. Embora a partir do segundo game a disputa entre Assassinos e
Templários perdure, não foi sem anos de pesquisa
minuciosa que os historiadores da Ubisoft conseguiram obter elementos
presentes em cada respectivo tempo representado pelos diversos títulos da
franquia.
Cássio Remus de Paula
Historiador dos games
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