quarta-feira, 14 de junho de 2017

Entenda como surgiu a civilização egípcia - a nova protagonista em Assassin's Creed: Origins!

“No Egito, o tempo é mais lento. Há que saber esperar” – Christian Jacq, egiptólogo.

A fala de Jacq provavelmente é referente à “demora” de mais de 4 mil anos de império desta civilização africana que protagoniza o próximo Assassin’s Creed (Origins). Tanto tempo de cultura presente resultou em influências inapagáveis de nossos métodos de vida, da arquitetura ao militarismo, dado que ajudou a moldar outras grandes civilizações, como a grega e a romana.
O Egito, por sua vez, parece ter ascendido quase ao mesmo tempo que Roma, Grécia e também a Babilônia. Estas quatro nações consolidam a História Antiga, que abrange desde a invenção da escrita até a queda do Império Romano, por volta de 476 d.C. Ou seja, o Antigo Egito – nome referente à sua periodicidade durante a História Antiga – participou de praticamente todo este recorte temporal.
Por sua vez, o Egito já existia antes desse recorte, ou seja, as heranças da cultura neolíticas se fixaram pelo delta do rio Nilo: entre 4600 e 4200 a.C., os povos ali instaurados plantavam, caçavam e pescavam, além de fixar moradias e praticarem tecelagem, cestaria e olaria. O Nilo, com um comprimento de quase 7 mil km, foi o verdadeiro motivo pelo qual os povos migraram para esta região, ainda por que na África nenhuma outra fonte hidrográfica era e é tão rica quanto este delta.
Os inúmeros clãs que ali se fixaram resultaram em guerras diárias que marcaram o cotidiano dos primeiros egípcios. O clã do Rei-Escorpião, por sua vez, se sobressaiu sobre os demais. O Rei-Escorpião, dado o número de conquistas sobre os demais, já se autodenominava rei da porção sul do território egípcio (área conhecida como Alto Egito, devido à região “alta” do rio Nilo). Exibia até mesmo uma coroa branca que o apontava como monarca daquela região, em contraste com a coroa vermelha que viria a simbolizar o Baixo Egito. Com suas tropas, porém, vem a submeter os povos da região norte, totalizando quilômetros e quilômetros sob seu controle.

Assassin's Creed: Origins



Graças a seu controle como monarca que a civilização egípcia começou a se erguer como importante império da história. A partir disso a atividade econômica passou a ser controlada e as vilas aumentaram de tamanho. O rei ordenou abertura de canais e fluxo constante de tráfego de mercadorias, além de perceber a importância do Nilo em seus ciclos de cheias (por exemplo, o armazenamento de água em bacias depois das inundações).
Fixado na cidade de Hierakonpolis, o rei era tratado como uma entidade divina. De acordo com Christian Jacq, “antes do advento do rei-Escorpião, a civilização egípcia não existia. Podemos falar apenas de culturas locais cujas produções artesanais eram mais ou menos bem-sucedidas”. Ou seja, como primeiro rei do Egito, especula-se que o Escorpião iniciou uma dinastia que podem compreender até sessenta reis e sete rainhas, englobando diversos séculos de governo. Por sua vez, mesmo com referências da submissão do povo nortenho, data-se que o Egito não foi unificado até antes do faraó Menés (por volta de 3000 a.C.). Nesse ínterim, Alto e Baixo Egito travaram inúmeras batalhas, em uma constante guerra de domínio territorial.

Hieróglifo egípcio contendo figuração do Rei-Escorpião.

Onde Assassin’s Creed: Origins se encaixa nisso tudo? Milênios de anos depois, mais ou menos em 80 d.C.. Mas como já foi dito, no Egito tudo ocorre de maneira lenta, o que significa que a cultura mudou muito pouco dentro deste recorte temporal. Seu império estava prestes a morrer, subjugado pela influência romana, mas sua contribuição cultural já era tida como eterna (já pararam pra pensar que e acordo com o período de existência do império egípcio, Cleópatra (mais ou menos em 80 d.C) está mais próxima de NOSSA história que da construção da pirâmide de Gizé, por volta de 4500 anos atrás?).
A historiadora e gamer Maytê Vieira, atualmente doutoranda na UFPR (que de longe entende a história egípcia melhor do que eu), deu sua opinião sobre o trailer de Origins: “Acredito que terá muita ação e que deram uma repaginada geral aproveitando o imaginário do Antigo Egito, que ainda é muito forte. Mas me parece que tem algumas coisas misturadas, como aquela cena em que aparece uma arena romana. O narrador parece ser um egípcio e os Assassinos surgiram lá, mas para combater o quê? São muitas perguntas que teremos que esperar, porque os templários surgiram séculos, milênios depois. Se eles incluírem os templários no Egito, vão assassinar a cronologia histórica que estava sendo bem fiel até agora (um baita anacronismo). Resta-nos esperar, e eu confesso, estou ansiosa!”.
Acho que todos estamos! Pela primeira vez na saga de Assassin’s Creed, após nove títulos canônicos, decidiram “voltar no tempo” para bem antes do primeiro título. Admito que sempre sonhei, como muitos outros jogadores, com um Assassin’s que retratasse o Antigo Egito. Qual é sua expectativa para esse jogo, caro leitor?
Espero que tenha aproveitado a leitura. Fique de olho na cobertura da MASYAF NEWS para mais novidades!

Cássio Remus de Paula
Historiador


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